VIOLÃO
Alambrado
de seis cordas,
lá
num canto do galpão,
que
toda a noite acompanha
o
meu pobre coração;
com
acordes dissonantes
traz
as estrelas pra o chão,
traz
lembranças e saudades,
amor
antigo e paixão.
Meu velho violão surrado,
sempre
tem acompanhado
as
mágoas deste peão.
Quando grita o quero-quero
parece
que ele acompanha,
eu
penso que ele conhece
todo
o viver da campanha;
faz
rebrotar saudades
de
amores e façanhas.
Parceiro de tantos anos
da
velha guampa de canha;
cada
vez que me vê triste
violão
velho não resiste,
se
mete na briga e ganha.
Se ouve a voz do patrão,
fica
quietinho e escuta;
parece
que ele entende
as
ordens sobre a labuta.
É o clarim do galpão,
que
minha solidão desfruta.
Contra meus desenganos,
parceiro,
é só tu quem luta;
com
meus olhos rasos d'água,
tu
tentas espantar as mágoas
desta
minha vida tão bruta.
Este velho peão de campo,
que
enfrentou tantos perigos,
hoje
encontra lenitivo
nos
acordes desse amigo;
no
som das cordas desfiadas
meu
coração tem abrigo.
Meu alambrado de cordas,
a
quem escuta eu digo:
quando
a morte me pealar,
na
hora de me enterrar
te
enterrem junto comigo!
...............................................
Edson Casagrande é poeta e escritor da cidade de Viamão RS.
Esta poesia está publicada no livro: Memórias de Um Poeta, do mesmo autor.
e já virou melodia na voz de um dos grandes intérpretes da música regionalista, Wilson Paim,
Ouça no link abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=FKuFsOrqpIc

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