sexta-feira, 11 de abril de 2014

Poesia
















VIOLÃO

Alambrado de seis cordas,
lá num canto do galpão,
que toda a noite acompanha
o meu pobre coração;
com acordes dissonantes
traz as estrelas pra o chão,
traz lembranças e saudades,
amor antigo e paixão.

Meu velho violão surrado,
sempre tem acompanhado
as mágoas deste peão.

Quando grita o quero-quero
parece que ele acompanha,
eu penso que ele conhece
todo o viver da campanha;
faz rebrotar saudades
de amores e façanhas.

Parceiro de tantos anos
da velha guampa de canha;
cada vez que me vê triste
violão velho não resiste,
se mete na briga e ganha.

Se ouve a voz do patrão,
fica quietinho e escuta;
parece que ele entende
as ordens sobre a labuta.

É o clarim do galpão,
que minha solidão desfruta.

Contra meus desenganos,
parceiro, é só tu quem luta;
com meus olhos rasos d'água,
tu tentas espantar as mágoas
desta minha vida tão bruta.

Este velho peão de campo,
que enfrentou tantos perigos,
hoje encontra lenitivo
nos acordes desse amigo;
no som das cordas desfiadas
meu coração tem abrigo.

Meu alambrado de cordas,
a quem escuta eu digo:
quando a morte me pealar,
na hora de me enterrar
te enterrem junto comigo!
...............................................

Edson Casagrande
 é poeta e escritor da cidade de Viamão RS.
Esta poesia está publicada no livro: Memórias de Um Poeta, do mesmo autor.
e já virou melodia na voz de um dos grandes intérpretes da música regionalista, Wilson Paim,
Ouça no link abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=FKuFsOrqpIc

quarta-feira, 9 de abril de 2014

O gauchismo é nosso!

Tramujas diz que o gauchismo é nosso.

terça-feira, 8 de abril de 2014

Contos gauchesco.



"Uma mistura de tradicionais contos da cultura gaúcha com histórias de pessoas comuns, traçadas no papel pelas mãos e mente de Severino Rudes dos Santos Moreira. É com este conceito que a mais nova obra literária da Campanha gaúcha, o livro Sob a Luz do Lampião, lançado em outubro de 2013. Conforme o seu autor, o título reúne 20 histórias, divididas em capítulos, e são o resultado de um trabalho iniciado ainda em 2009. 
- Para adquirir suas obras acesse o link abaixo:
>http://bazargaucho.com.br/livro/livro-severino-moreira-sob-a-luz-do-lampiao.phtml 

Novo CD, César Oliveira & Rogério Melo

http://cesarerogerio.com.br/web/multimidia/audios.html

Tropeiro velho


Porto Amazonas comemora 100 anos do mais velho tropeiro do Paraná.


Ele foi um dos últimos tropeiros a fazer o trajeto entre Viamão (RS) e Sorocaba (SP), o histórico Caminho das Tropas, que desde o século 18 permitiu o desbravamento de regiões do interior dos quatro estados mais ao Sul do Brasil, estabelecendo povoados que se transformaram em cidades, anos depois. Otávio dos Reis completou 100 anos no último dia 23 e neste sábado (25), em Porto Amazonas, onde nasceu e reside, acontece um evento comemorativo ao centenário dele, que é considerado o mais velho tropeiro do Paraná.
O evento em comemoração aos 100 anos do tropeiro terá homenagens e os costumes tropeiros estarão presentes na festa. Principalmente os marcantes da gastronomia tropeira. Além da comida típica da época, a festa vai contar com relatos da época, narrados pelo próprio tropeiro.
Otávio dos Reis, filho de Olímpio Antonio dos Reis e Guilhermina Gonçalves do Reis, nasceu no dia 23 de janeiro de 1914 no município de Porto Amazonas na fazenda de seu pai, hoje denominada Haras Valente, onde cresceu lidando com animais.

Em meados de 1928, já aos 14 anos, fez a sua primeira viagem como tropeiro, ajudando a conduzir uma tropa de mulas da localidade de Uruguaina (RS) até Sorocaba (SP), cortando quatro estados brasileiros aproximadamente durante três meses em lombo de mula. A partir daí continuou conduzindo tropas e boiadas, permanecendo em Porto Amazonas e Lapa até os seus 33 anos de idade transferindo-se para o Norte Velho do Paraná.(...)

http://www.gazetadepalmeira.com.br/geral/porto-amazonas-comemora-centenario-do-mais-velho-tropeiro-do-parana/

segunda-feira, 7 de abril de 2014

SOU CHAMAMECEIRO, SOU DO SUL ...


Se o tempo não me da respostas à todos os meus porquês, me permite descobrir a razão de ter me tornado um gaúcho! Nem pouco nem muito, mas o necessário. Nasci e vivo nos pagos de Piraquara cidade que faz parte da grande Curitiba no lindo e gaúcho estado do Paraná, Paraná da Erva mate e dos Pinheirais. Paraná da Lapa, de Castro e tantos outros posos dos tropeiros. Não ter nascido no nosso Rio grande não me faz menos gaúcho, respeito o estado do RS e todos os hermanos. Mas aqui no Paraná tem também muitos bons gaúchos…porque o SER gaúcho é sim lida no campo e cavalos mas também é ter orgulho da raça, ser gaúcho é buscar a historia a base… Ser gaúcho é ter sua assinatura no fio do Bigode, é honrar o que fala, honrar pai e mãe e sua historia, é ser amigo ser hospitaleiro tchê. Ser gaúcho é valorizar os apegos e pelear por eles sob qualquer condição. Ser gaúcho é lutar pelo coletivo e não pelo individual. Os grandes gaúchos da historia lutaram e derramaram seu sangue em grande revoluções e batalhas, sempre lutando pelos seus ideais. Nos dias de hoje gracias não temos esses confrontos, mas devemos pelear para manter viva a historia da raça livre dos modismos de hoje, por que é assim que essa cultura tem mais valor.

SOU CHAMAMECEIRO, SOU DO SUL DO MEU PAIS.
Antonio Augusto Fagundes referindo-se a tradição diz: “Em Direito, tradição significa entrega, tradição quer dizer o culto dos valores que os antepassados nos legaram. Todo o grupo social, toda a nação tem sua própria escala de valores e é essa escala que torna os povos distintos entre si.”
Att: Luiz Cesar Branco

Postado por Chasque em Cultura Gaúcha

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

FOLCLORE : A BOMBACHA , por Carlos Zatti



Anexo in “Campeiros do Paraná Tradicional” - Carlos Zatti

A origem, ou a entrada, das bombachas no cone-sul (bacia do Prata), carece mais pesquisas, notadamente por parte dos estudiosos do tradicionalismo gaúcho do Rio Grande do Sul, que se ateve à versão de que teriam chegado como uniforme cavalariano, adquirido no oriente médio, pelos ingleses, e entregues aos exércitos da “Tríplice Aliança” durante a Guerra contra o Paraguai.

Ilustração de Vera Stedile Zattera
No Paraná (Capitania/Comarca de Paranaguá e Curitiba), quase um século antes da Grande Guerra, documentos registram a presença das bombachas.

Para ilustrar, reproduzimos pesquisa do escritor paranista José Carlos Veiga Lopes:

AS BOMBACHAS DO PADRE REIS

“Segundo o Dicionário Houaiss bombachas seriam calções folgados que se atavam por sob os joelhos e antigamente, no século XVIII, certos calções largos de montar. A palavra viria do espanhol calzon bombacho, espécie de calção largo, aberto em um dos lados, indo até os joelhos, que era usual na Andaluzia, provavelmente de bomba+acha+s, pelo feitio arredondado e avultado da vestimenta que sugere a figura de bomba. Diz também que entre os gaúchos eram certas calças muito largas, cingidas nos tornozelos por botões., que datava provavelmente da segunda década do século XIX.

Segundo o mesmo Dicionário Houaiss, as primeiras citações de bombachas no Brasil estariam registradas na coleção Documentos para a história do açúcar, publicadas pelo Instituto do Açúcar e Álcool. No volume 3, publicado no Rio de Janeiro, em 1963, Engenho Sergipe do Conde. Espólio de Mém de Sá (1569-1579); e no volume 2, publicado no Rio de Janeiro em 1956, Engenho Sergipe do Conde, Livro de Contas (1622-1653), este no século XVIII, página 326.

Ainda segundo o mesmo dicionário, na língua portuguesa o primeiro registro em dicionário seria de Rafael Bluteau em seu Vocabulário português e latino, 8 volumes, publicados entre 1712 e 1728.

Bombachas – Calsoens de seda que ou se trazião com tufos, ou garambazes; erão muito largos & se atavão pelos juelhos. ‘Fluxae luxitatis bracae’, ou ‘braccae, holoferic.e’. Plur. Fem.

Traduzindo a descrição: Calções de seda que ou se traziam com tufos, ou garambazes; eram muito largos e se atavam pelos joelhos.

Explicando algumas das palavras:

Garambazes era o mesmo que barambás, coisa que vai pendendo.
Braca,ae – bragas, calções compridos, largos e apertados em baixo, usados pelos bárbaros, ou então bragas usadas pelos romanos.
Laxitas, tates – no sentido próprio era grande extensão, espaço e no sentido figurado comodidade, bem estar.
Fluxus – largo, solto, pendente, relaxado.

O padre João da Silva Reis nasceu provavelmente na paragem chamada Boa Vista, nos campos da Lapa, onde seu pai assistia desde mais ou menos 1719. Foi batizado no dia 7 de agosto de 1730 na igreja matriz de Nossa Senhora da Luz da vila de Curitiba e era filho de João Pereira Braga e de Josefa da Silva, ambos portugueses, casados em Curitiba no dia 14 de janeiro de 1726.

Foi ordenado presbítero em 1757. Após ordenado costumava celebrar sacramentos na capela de Nossa Senhora da Conceição do Tamanduá. Foi o primeiro vigário da freguesia de Santo Antônio da Lapa, criada em 13 de junho de 1769.

O padre foi proprietário de fazendas de gado na região da Lapa.

Na relação de 1772 a fazenda do reverendo vigário João dos Reis na freguesia de Santo Antonio da Lapa, era distante da estrada uma légua. Em 1782 comprou fazenda no Campo do Tenente.

O padre provavelmente costumava voltear suas terras para apreciar as criações e divisas e para isso não montaria usando batinas, vestimenta pouco prática para cavalgar, teria trajes mais apropriados, o que se constata examinando seus bens inventariados.

Faleceu na freguesia de Santo Antônio da Lapa no dia 21 de fevereiro de 1785. No seu inventário foram avaliados bens de raiz, animais, escravos, vestimentas e outros. De bens de raiz foram avaliados a metade do campo no Campo do Tenente, 3 campinas com seus pedaços de terras lavradias místicas com o Barreiro e Rocio e uns campos chamados os Barreiros, de sociedade com Miguel Garcês e pedaços de matos lavradios; tinha também animais no Cercadinho. Possuía cerca de 310 cabeças de gado vacum, cerca de 250 de gado cavalar, asinino e muar, 36 ovinos e 7 suínos.

Neste inventário foram avaliadas duas bombaxas novas sem uso algum em mil e duzentos e oitenta rs, documento mais antigo em que vimos o uso da palavra bombachas no sul do Brasil. Alguém poderia dizer que se tratavam de calções ou ceroulas, mas no mesmo inventário foram avaliados hum calcao’ de Canga em bom uzo azul em mil e quinhentos rs, um outro de Canga amarela já uzada em seiscentos e quarenta reis e duas cyroulas velhas em trezentos reis.

Outro lapeano, Salvador José Correia Coelho, relatando no livro Passeio à minha terra, publicado em 1860, viagem que fez a sua terra entre dezembro de 1844 e janeiro de 1845: Aquele que nos Campos Gerais entrega-se continuamente ao costeio da criação no campo, fazendo o serviço a cavalo, é conhecido por ‘monarca da coxilha’. Descreve todo o vestuário masculino e quando chega às pernas diz: calças mui largas com feição de ceroilas. Esta descrição está muito semelhante à de bombachas.

No sul do Brasil e países do Prata o uso vulgarizou-se em meados do século XIX.

De um site sobre o uso da bombacha no Uruguai, existem duas versões. Uma que a origem se remontaria à guerra da Criméia, onde as tropas aliadas usaram uniformes similares ao dos turcos, adotando suas amplíssimas calças comprida, e devido à grande produção e ao concluir inesperadamente a contenda as sobras foram remetidas ao Prata, onde os soldados a usaram, mas continuaram as sobras e foram enviadas às vendas onde os peões a adotaram; isso pela época de 1855 a 1856. Outra versão diz que o general Fructuoso Rivera pedia a sua esposa, via postal, que lhe enviasse bombachas, mandame unos calsones de merino mordore von vachas o como generalmente cedice alo chino, el Gen. Medina me ametido en esto y por esta rrazon te dio este petarde, no te olvides de mandarme las vatas, isto em 1843 no Uruguai, ou seja, que a vestimenta tinha uma origem e terras uruguaias um tanto dilatadas, mas sua ascendência turca era praticamente inegável. (baseado em Fernando O. Assunção em El gaúcho – 1963).

Segundo Antônio Augusto Fagundes em seu livro Indumentária Gaúcha (1976): Coincidindo em traços gerais com a Guerra do Paraguai surge no pampa uma peça de indumentária: os ‘calções bombachos’, as ‘calças bombachas’, ou simplesmente ‘bombachas’. No Uruguai, onde apareceram antes, são também chamados ‘calzones chinos’, porque tudo que fosse do Oriente, para os castelhanos, era chinês.

Continuando: Foram provavelmente os comerciantes ingleses que introduziram essas calças fofas em Montevidéu, sobras de guerras colônias onde o inglês copiava livremente o traje dos povos conquistados. No caso, a bombacha era turca, em sua origem, e não árabe, ao contrário do que supôs Manoelito de Ornellas.

Mais adiante: No RS, a bombacha toma conta da campanha em pouco mais de vinte anos. Sim, porque começa a ser usada na Guerra do Paraguai, ou um pouquinho antes.

Concluindo:  já em 1785 nos campos da Lapa, nos Campos Gerais de Curitiba, um padre fazendeiro usava bombachas, que não necessariamente seriam os mesmos modelos usados posteriormente pelos campeiros do sul do Brasil e países do Prata, e em 1844 os habitantes dos mesmos campos gerais usavam calças muito largas com feição de ceroulas”. (Boletim do IHGPR – 2007, Curitiba – PR)"